É uma doença
contagiosa que afeta primariamente os bovinos, os suínos, os ovinos, os
caprinos e os cães, causada pelas bactérias do gênero Brucella e caracterizada
por abortamento e, em menor grau, orquite e infecção das glândulas sexuais
acessórias nos machos. A doença é prevalente na maior parte do mundo. A brucelose
afeta ocasionalmente os equinos. A doença no homem, frequentemente referida
como febre ondulante, é um sério problema de saúde pública.
As manifestações clínicas da brucelose nos suínos variam
consideravelmente, mas são semelhantes em muitos aspectos àquelas observadas
nos bovinos e nos caprinos. Embora a doença seja freqüentemente autolimitante,
ela permanece em alguns rebanhos por anos. A brucelose causada pela B. suis
também ocorre nos outros animais domésticos e no homem. Descrevem-se epidemias
de brucelose humana entre os trabalhadores de frigoríficos, e a fonte comum são
os suínos infectados.
ETIOLOGIA E TRANSMISSÃO – A Brucella suis se espalha principalmente pelo contato
animal íntimo, geralmente por ingestão de tecidos ou de restos infectados. Os
cachaços infectados podem transmitir a doença durante a cobertura; pode-se recuperar
o microrganismo a partir do sêmen.
Os suínos criados para propósitos de acasalamento
constituem uma fonte importante de infecção. Embora infreqüente, tem-se
descrito a transmissão natural entre suínos desmamados infectados. Os suínos lactantes se infectam a partir das porcas, mas a maioria atinge a idade de
desmame sem se infectar. A doença geralmente é mais severa nos suínos
reprodutores que nos suínos jovens, mas ambos os grupos etários são
suscetíveis.
ACHADOS CLÍNICOS – Após a exposição à B. suis, os suínos desenvolvem uma bacteremia
que pode persistir por até 90 dias. Durante e após a bacteremia, a localização
pode ocorrer em vários tecidos. Os sinais dependem consideravelmente do(s)
sítio(s) de localização. As manifestações comuns incluem aborto, esterilidade temporária
ou permanente, orquite, claudicação, paralisia posterior, espondilite, e ocasionalmente,
metrite e formação de abscessos nas extremidades ou em outras áreas do corpo.
A incidência de aborto pode ser de 0 a 80%. Os abortos
também podem ocorrer no início da gestação e não ser observados. Geralmente, as
porcas ou as marrãs que abortam no início da gestação retornam ao estro logo
depois e são reacasaladas.
A esterilidade é comum nas porcas, nas marrãs e nos
cachaços e pode ser a única manifestação. Antes de se tentar o tratamento,
torna-se lógico o teste quanto à brucelose nos rebanhos nos quais a
esterilidade é um problema. A esterilidade pode ser permanente nas porcas,
porém é mais freqüentemente temporária. Nos cachaços, pode ocorrer uma orquite,
geralmente unilateral; a fertilidade parece ser reduzida mas não se alcança uma
esterilidade completa.
DIAGNÓSTICO – O meio principal de diagnóstico nos suínos é o teste do
cartão de brucelose. Têm-se utilizado vários outros testes de aglutinação
sérica ou de fixação de complemento. Acredita-se geralmente que esses testes
sejam efetivos na determinação da presença da brucelose em um rebanho, mas
possuam limitações na sua detecção em animais individuais. Conseqüentemente, em
qualquer programa de controle, devem-se testar mais os rebanhos inteiros ou
unidades de rebanhos que os animais individuais. Ocorrem baixos títulos de
aglutinina em quase todo rebanho grande, infectado ou não, e alguns suínos
infectados podem não apresentar títulos detectáveis. O teste do cartão
geralmente é mais preciso que os testes de aglutinação convencionais. Nos
suínos, também se podem utilizar os testes suplementares utilizados para os
bovinos.
PROFILAXIA E CONTROLE – Deve-se ter cuidado após a compra de suínos individuais que
apresentem um baixo título de aglutinina, a menos que se conheça o estado de todo
o rebanho de origem. Devem-se isolar os suínos na volta de feiras e exposições,
antes da entrada no rebanho. Devem-se adquirir as reposições de rebanhos
conhecidos por serem livres de brucelose, ou devem-se testá-las e isolálas por
3 meses e retestá-las antes de serem adicionadas ao rebanho. A vacinação não é
confiável, e não se pode fazer nenhuma recomendação prática para o tratamento.
O controle se baseia no teste e na segregação, e no abate do lote reprodutivo
infectado. Podem-se utilizar os seguintes planos para eliminar a
brucelose
de um rebanho.
1. Venda do rebanho inteiro para o abate – Esse plano
geralmente é o mais rápido, confiável e econômico. As reposições devem vir de rebanhos
livres de infecção e ser feitas após a limpeza e a desinfecção do equipamento e
das instalações. Deve-se colocar o rebanho de reposição em um piso que esteja
livre de suínos há >60 dias.
2. Teste, segregação e retardamento do abate do rebanho
infectado – Recomenda- se esse plano apenas para uso em rebanhos de sangue
puro, quando se desejar reter linhagens valiosas. Devem-se isolar os suínos
desmamados com <6 semanas de idade (em um piso não contaminado); deve-se
comercializar o restante do rebanho tão logo quanto possível. Os suínos devem
ser testados , 30 dias antes do acasalamento,
e devem-se salvar apenas as marrãs que apresentarem um teste negativo. O
acasalamento deve acontecer apenas com cachaços conhecidos como sendo
negativos. Devem-se retestar as marrãs após o parto. Se for encontrada uma infecção,deve-se
repetir o plano inteiro, ou abandoná-lo em favor do plano 1.
3. Abate somente dos reagentes – Geralmente não se
recomenda esse plano, exceto em rebanhos nos quais são encontrados bem poucos
reagentes, não é observado nenhum sinal clínico ou há dúvida de que os títulos
do reagente tenham sido causados por Brucella. Recomenda-se um reteste do
rebanho em intervalos de 30 dias, com a remoção dos reagentes até que o
resultado seja negativo.
Pelo RIISPOA devem ser condenadas as
carcaças com lesões extensas de brucelose. Nos casos de lesões localizadas
encaminham-se as carcaças à esterilização pelo calor, depois de removidas e
condenadas as partes atingidas.
Não
tendo sido constatada no País a
brucelose em caprinos, a Inspeção Federal
procederá como se segue:
1 - condenação
das carcaças que mostrem lesões imputáveis à brucelose;
2 - coleta de
material para diagnóstico e sua remessa à Seção de Tecnologia;
3 - coleta, na
medida do possível, de sangue nos vasos internos, para imediata prova de
aglutinação (aglutinação rápida) no laboratório mais próximo;
4 - imediata
interdição do lote para outras verificações;
5 - aplicação
de medidas de polícia sanitária animal cabíveis.
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